April 19, 2006

Meu amor sem rosto

Meu amor sem rosto, tempo ou idade
minha parede fria e branca
meu amor rítmicos ruídos
serenas, exaltadas, desesperadas pancadas
que todos os dias, à mesma hora
me dizem bom dia
Amor sem rosto, parede branca e fria
Lago de ternura embora vibrante e tão perto
longa distãncia de paredes caiadas
Beijos sem bocas coladas, amor sem sentidos
meu sonho frio, vazio, que me encanta
o fundo da memória perturbada
O tempo avança no barco dos minutos
onde vai meu amor sem rosto ou idade
O tempo é longo e longo o amor
que me encurta a vida
na minha casa de grades uivantes
amor chorado de olhos enxutos
Pesadelo ou fantasia tão querida?
Poemas chorados, cantados ao vento
com lágrimas, ternura e raiva bastantes
para encher uma noite,
fazer uma vida!
Amor distante ou fantasia sentida?
Amo-te, choro-te, esqueço-te num pensamento
esqueço-te sem piedade,
vendi a vontade
Meu amor sem rosto ou idade!

Caxias, Agosto 1971

My love without a face, time or age
My cold and bright screen, my love
Rhythmical, desperate, passionate strokes
That everyday, at the same hour
Visits my lonely world
My love without a face, time or age
My cold and bright screen, my love
Lake of tenderness so close to me
Kisses with no lips, love with no senses
My bright enchanting dream
Time goes by in the boat of the minutes
That takes my love away, my love with no destiny
Short is the time and long is the passion
That lives deep in my troubled memory.

Aroeira, 2000

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Marilia

Belo poema de quem maneja a palavra com maestria e arte que decerto vão associar-se à tua pintura.
Sucesso para o teu blog!

Gil

3:20 pm  

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